O trânsito brasileiro vive um cenário de alerta. Somente no último ano, foram registrados mais de 72 mil acidentes e 6 mil mortes nas rodovias federais, segundo dados apresentados no Viagem Segura – Guia CNT de Segurança nas Rodovias 2025. Esses números reforçam a urgência de intensificar ações de prevenção e educação, além da melhoria contínua da infraestrutura viária para salvar vidas.

O desafio da segurança viária

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes de trânsito já são a principal causa de morte entre jovens de 5 a 29 anos em todo o mundo. Em resposta a esse panorama, a Assembleia Geral da ONU instituiu a Segunda Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2021-2030), com a meta de reduzir em pelo menos 50% as mortes e lesões no trânsito até 2030. No Brasil, o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS), alinhado ao conceito de “Visão Zero”, reforça a importância de infraestrutura, fiscalização e conscientização para alcançar esse objetivo.

Principais fatores de risco

O Guia CNT destaca que diversos fatores podem influenciar a ocorrência de acidentes — condições das vias, problemas mecânicos, fatores climáticos e, sobretudo, o comportamento do condutor. A chamada “reação tardia ou ineficiente do condutor” aparece como a causa mais frequente de acidentes, enquanto “transitar na contramão” desponta como o principal motivo de acidentes com óbitos.
Ainda de acordo com os dados, o tipo de acidente mais comum nas rodovias federais é a colisão, respondendo por 60,8% dos casos registrados. Em seguida, surgem as saídas de pista e os capotamentos ou tombamentos. Além disso, as colisões e os atropelamentos são os que mais resultam em fatalidades.

Rodovias que perdoam

Um ponto fundamental abordado no guia é o conceito de “rodovias que perdoam”: infraestrutura projetada para minimizar as consequências de eventuais falhas humanas. Nelas, são instalados dispositivos que alertam o condutor sobre saídas de faixa, absorvem parte do impacto em casos de acidentes e contribuem para manter o veículo na via. O Painel CNT de Rodovias que Perdoam, por exemplo, avalia o grau de “perdão” de cada trecho rodoviário, permitindo ao usuário verificar onde há maior risco de consequências graves em caso de sinistro.

Infraestrutura em alerta

Ainda segundo a pesquisa CNT de Rodovias 2024, cerca de 67% da extensão das rodovias brasileiras apresenta algum tipo de deficiência, seja no pavimento, na sinalização ou na geometria da via. É um dado que revela a urgência de investimentos em manutenção e aprimoramentos estruturais, especialmente em pontos críticos, para reduzir os riscos e tornar as viagens mais seguras.

Recomendações para uma viagem segura

  • Respeite a sinalização e os limites de velocidade: a pressa muitas vezes leva a infrações e manobras perigosas.

  • Verifique as condições do veículo antes de pegar a estrada: pneus, freios, sistemas de iluminação e fluidos.

  • Mantenha atenção máxima ao dirigir: celular, conversas paralelas e distrações diversas podem ser fatais.

  • Ultrapasse com segurança e apenas onde for permitido: evite se arriscar em locais sem visibilidade ou proibidos.

  • Descanse antes de iniciar a viagem: fadiga e sonolência são causas recorrentes de acidentes.

  • Respeite os mais vulneráveis: pedestres, ciclistas e motociclistas merecem distância segura e cuidado redobrado.

Essas e outras dicas ganham relevância num contexto em que as estradas, apesar de essenciais para a economia e a mobilidade, ainda apresentam riscos consideráveis. A meta de reduzir pela metade o número de mortes no trânsito até 2030 não pode ser alcançada sem um compromisso coletivo: governos, iniciativa privada e, principalmente, condutores — todos devem estar envolvidos na construção de um trânsito mais seguro.

Para conferir o conteúdo completo, acesse o relatório na íntegra em:
https://www.cnt.org.br/pesquisas